5 de jul. de 2025

VAMOS CORTAR GASTOS ?

 

VAMOS CORTAR GASTOS ?

 

A resposta lógica, rápida e provavelmente consensual é: sim. Se a pergunta seguinte for “quando?”, a conhecida metáfora ajuda a responder: “Custo é como unha, precisa ser cortado com frequência.” O problema reside no “onde cortar?”, pois ninguém apresenta propostas concretas para redução de despesas. Assim, segue nossa pequena contribuição cidadã, objetiva e propositiva ao debate sobre o equilíbrio fiscal do Brasil.

 

Para aprimorar o controle dos programas sociais e corrigir possíveis irregularidades, seria necessário cruzar os CPFs dos beneficiários do Bolsa Família e BPC com as chaves PIX que movimentem quantias superiores a R$ 5 mil por mês.

 

Também é urgente avaliar com critérios claros a eficácia e o custo-benefício de desonerações, incentivos, subsídios e isenções fiscais. A observância das regras, a geração líquida de empregos e o retorno social devem ser efetivos e comprovados para a manutenção desses benefícios. A redução anual de 10% no volume global dessas renúncias já representaria importante alívio fiscal.

 

No Executivo, outras medidas eficazes podem ser implementadas. É recomendável, por exemplo, reduzir o número de servidores no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), hoje com 1.007 lotados, dos quais 1.003 são militares, para um contingente máximo de 100. É igualmente necessário revisar a dotação de pessoal em ministérios e outros órgãos federais, eliminando sobreposições, excessos e carências. Viagens de servidores devem ser evitadas, com prioridade a reuniões virtuais. O uso de aviões da FAB deve ser racionalizado, com redução de ao menos 50% nas viagens ministeriais e otimização de agendas com múltiplas autoridades por deslocamento.

 

No Legislativo, é preciso corresponsabilidade fiscal. Para tal, sugerimos algumas medidas: redução de 50% nas verbas e auxílios parlamentares, inclusive de gabinete; diminuição anual de 10% no montante das emendas parlamentares; corte de 50% nos recursos destinados aos fundos Partidário e Eleitoral; extinção da chamada “morte ficta” nas Forças Armadas, que gera distorções e despesas indevidas; alteração do artigo 19 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000) para limitar a despesa total com pessoal aos seguintes percentuais da Receita Corrente Líquida: União, 30%; Estados, 40%; Municípios, 50%. Além disso, é indispensável proibir o uso de recursos públicos para propaganda nos três níveis de governo e estabelecer teto de 10% do PIB para despesas com amortizações e juros da dívida pública.

 

No Judiciário, gesto simbólico e coerente com a realidade do país seria a redução do recesso anual de juízes, promotores e serventuários, para 30 dias, como as férias para qualquer trabalhador.

 

Essas medidas podem contribuir para melhorar a situação fiscal do país sem necessidade de aumentar impostos. Contudo, para alcançar justiça tributária, é indispensável enfrentar a regressividade do sistema atual. A maioria dos brasileiros paga proporcionalmente muito, enquanto uma pequena minoria privilegiada contribui pouco — ou quase nada.

 

É necessário, portanto, alterar a Lei nº 9.249/1995 para permitir a tributação de lucros mensais acima de R$ 50 mil, dividendos, remessas ao exterior e ganhos com especulação sobre títulos da dívida pública. Também é urgente corrigir a absurda evasão gerada pela isenção de IPVA para helicópteros, lanchas, iates e jatinhos — veículos que devem ser tributados da mesma forma que automóveis e motocicletas.

 

Por fim, é essencial regulamentar o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), como previsto no art. 153, inciso VII, da Constituição Federal, cuja omissão motivou a ADO 31 no Supremo Tribunal Federal.

 

Falta bom senso, consciência, transparência, coragem, vontade política e compromisso com a responsabilidade fiscal e social. É preciso um ajuste duradouro, com redução de privilégios e distribuição mais justa do custo de funcionamento do Estado.

 

Por um entendimento democrático, honesto e claro — mas sem corda no pescoço de ninguém!

 

Edivan Batista Carvalho

Especialista em Análise Econômico-Financeira, Crédito e Planejamento

Fortaleza (CE)

📧 edivanbatista@yahoo.com.br


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