18 de abr. de 2024

BIOGRAFIA DO ABISMO

 

BIOGRAFIA DO ABISMO

Felipe Nunes e Thomas Traumann

Ed. Harper Collins, 2023

 

 

As corporações têm dificuldade de posicionar suas marcas

 

O Brasil de opiniões radicalizadas é um dilema para todos os brasileiros

 

As opiniões políticas passaram por um processo de engessamento e se transformaram em parte da identidade de cada eleitor

 

Interesses perderam força para paixões

 

O eleitor Fora da bolha termina decidindo a eleição

 

Houve transbordamento disputa política para o cotidiano, contaminando relações

 

A convivência entre diferentes se tornou o maior desafio

 

Os brasileiros estabelecem contato quase exclusivo com pessoas que pensam de maneira similar

 

Simplesmente recusa a informação que contraria sua crença e busca veículo que reforça o que já pensava

 

Vale espalhar mentiras, defender o indefensável e romper relações ?

 

Eventos pareciam inicialmente capazes de afetar a estabilidade eleitoral: pandemia, repique de inflação (Ucrânia), o fracasso de viabilizar a terceira via e o bilionário pacote social às vésperas da eleição

 

Lula venceu porque aumentou seu eleitorado nas grandes cidades, particularmente Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro

 

Apoio de Simone Tebet e economistas liberais deu à candidatura uma frente ampla a favor da democracia

 

A enfática defesa em facilitar o porte e a posse de armas abriu espaço para o avanço de Lula em pequena faixa de mulheres

 

O compromisso individual do cidadão é aprender a conviver com as diferenças

 

É preciso identificar convergências capazes de costurar o tecido social

 

Fazer negócios vai exigir cardápio de estratégias que hoje poucas companhias detêm

 

Quem tenta virar o jogo na força bruta deve ser extirpado

 

Na vida privada, a maioria das pessoas é bastante realista

 

O abismo que a sociedade brasileira se defronta pode ser a sensação quase niilista de que não existe saída para esse impasse, de que uma reconciliação nacional é impossível

 

Um país que se mantém assim será incapaz de enfrentar problemas econômicos, climáticos e sociais

 

Quando falava no rádio, Franklin Delano Roosevelt pedia a ajuda de seus ouvintes nas disputas com o Congresso. Seus apelos tinham o poder de fazer chover cartas na mesa dos legisladores, que se sentiam pressionados pelo eleitorado

 

Inaugurado em 22-07-1935, o programa A HORA DO BRASIL – cujo título mais tarde foi modificado para A VOZ DO BRASIL – se tornou obrigatório quando Getúlio Vargas virou ditador. A partir de John Kennedy, a TV passou a ser o principal meio de comunicação dos presidentes norte-americanos. Fernando Collor foi o primeiro produto político da TV brasileira. Barack Obama foi outro ponto de inflexão na comunicação política, presente em 16 diferentes plataformas

 

Em 2010, Marina Silva teve o melhor resultado de um terceiro colocado na história: 19,3% dos votos válidos

 

Donald Trump concluiu que as mensagens mais eficientes eram as mais polarizadoras e ultrajantes

 

Em 2014 brasileiros passaram a gastar mais tempo na internet do que assistindo à TV

 

Em18-10-2018, Patrícia Campos Mello (FSP) publicou o primeiro de uma série de artigos comprovando a existência de um esquema ilegal de disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp sem declaração à Justiça Eleitoral, portanto crime de caixa dois

 

A consolidação de um ecossistema de comunicação política enviesado produziu dissonâncias cognitivas coletivas capazes de sugar a energia de todos no bate-rebate diário do que é verdade ou mentira

 

“Viés de confirmação”; tendência de interpretar os fatos de maneira a aceitar apenas as crenças preexistentes (psicólogo inglês Peter Wason)

 

A liberdade total dos lobos é a morte dos cordeiros (Isaiah Berlin)

 

Em geral aceita apenas aquilo que converge com suas crenças iniciais e rejeita aquelas que contrariam sua opinião, não importando se a informação recebidaé ou não verídica

 

Acredita naquilo que é compatível com seu sistema de crenças, no que prefere acreditar

 

O engajamento não é obtido por mensagens que unam a sociedade, mas por aquelas que inflam paixões, especialmente o medo, o ressentimento e a repulsa

 

As redes sociais geram normalização artificial da mentira

 

A polarização brasileira dificilmente teria alcançado os níveis atuais se cada lado da corda não estivesse sendo puxado

 

Em 1986, Bolsonaro foi preso por publicar artigo reclamando dos baixos soldos. Um ano depois repassou à revista VEJA croquis de um plano que previa a explosão de bombas na adutora que fornece água ao RJ e em unidades militares. Quase foi expulso do Exéercito. Em troca do arquivamento do processo, deixou as Forças Armadas. O uso intensivo de falas editadas, vídeos curtos e memes foi fundamental para construir sua imagem

 

O então presidente do STF, Dias Toffoli, disse que, em 2019, foi procurado por políticos, empresários e militares para discutir a possibilidade de afastamento de Bolsonaro

 

A elite brasileira é escravista. Ela pode ser avançada em um debate em Nova York, Paris, mas a mentalidade é escravista

 

Motivos para não votar Bolsonaro: agressividade, má administração, atuação na pandemia

 

Motivos para não votar em Lula: corrupto, preso

 

Não foi uma eleição de programas, propostas e comparações de governos

 

Pessoas ficam menos propensas a ouvir o outro lado, reforçando suas bolhas de convivência e seus vieses de confirmação

 

A relação entre o bem-estar econômico e o sucesso eleitoral é uma das raras unanimidades da ciência política

 

Se o governo gerou prosperidade, são enormes as chances de ser compensado nas urnas

 

Ironicamente, o general João Figueiredo implementou os dias nacionais de vacinação, com foco na poliomielite

 

O Sudeste passou a ser o campo de batalha decisivo

 

Eleitores negros, mulheres e nordestinos votaram mais em Lula, enquanto homens, brancos, do Sul e Centro-Oeste em Bolsonaro

 

A quantidade de pessoas que diz que vai votar é muito maior do que as pessoas que realmente votam

 

Sob pressão social em assuntos de cunho moral ou socialmente indesejáveis, o comportamento mais comum e tido como mais esperado é o silêncio

 

Quem se opunha à Ostpolitick (esforço para normalizar as relações entre a Alemanha Ocidental e a Oriental), acabava por se sentir marginalizado e se retirava do debate público

 

Quando um cidadão percebe estar em minoria, tende a esconder suas reais opiniões

 

Retórica agressiva em redes sociais com episódios de violência contribuiu para o sentimento de intimidação

 

O medo de que Bolsonaro se reelegesse foi sempre superior ao da volta de Lula

 

Independentemente de gostar ou não de Lula, reconheciam sua preocupação social

 

O progressismo é um movimento que sustenta ser possível melhorar as sociedades humanas por meio da ação política (Norberto Bobbio)

 

No Brasil, boa parte do conservadorismo se confunde com religião

 

Ingênuo supor que a ausência de um dos dois nas próximas eleições vai devolver o país à normalidade política

 

Mais pessoas passaram a escolher com quem conversar sobre política

 

A disputa política em eleições pressupõe um pacto de não agressão

 

Alto nível de distanciamento pessoal por razões políticas

 

Num país de polarização radical, até o passado é discutível

 

25% do eleitorado se disse intolerante em relação ao voto do outro

 

Nos anos de antagonismo PT/PSDB, ainda admitia a existência do outro

 

78% dos eleitores concordavam que o “Estado é o responsável pela redução de desigualdades”, “juízes têm muitos privilégios” e “igrejas deveriam pagar impostos”

 

75% dos brasileiros achavam que pessoas armadas poderiam se envolver em tiroteios mais facilmente, 69% consideravam que a liberação das armas criou mais riscos para os jovens e 64% tinham medo de conviver com pessoas armadas

 

3 dimensões marcam nova forma de compreender a política brasileira:

  • Distância e semelhança entre grupos
  • Valores e identidade
  • Paridade de tamanho

 

Em junho de 2023, 32% dos eleitores de Lula e Bolsonaro disseram acreditar que não reatariam amizades perdidas

 

Fé e voto tornaram-se indissociáveis na última década

 

“Os evangélicos deveriam orar a Deus para matar seus inimigos, quebrar a mandíbula do presidente Lula e prostara enfermidades nos ministros do STF” (pastor Anderson Silva)

 

O Congresso é, por definição, diverso e contraditório

 

A democracia é um sistema político que se baseia na participação dos cidadãos e no respeito pelos direitos individuais e pelas opiniões divergentes. A incapacidade de ouvir, respeitar e tolerar outros pontos de vista pode mina os princípios democráticos e levar a uma série de problemas

 

A democracia depende do diálogo construtivo entre diferentes grupos e indivíduos

 

A desilusão pode levar à apatia política, de modo que a população se afasta da participação cívica

 

Muitos dos desafios que enfrentamos exigem soluções complexas e multifacetadas

 

A falta de respeito e tolerância dificulta a busca por soluções eficazes

 

Tem saída? A resposta simples é sim, mas vai tomar tempo e esforço, demorar anos, e só acontecerá se os dois lados se dediarem

 

Atravessar as fases de negação, raiva e depressão para chegar aos estágios de negociação e aceitação de quem vive em ambiente de polarização extrema

 

Aprender a lidar com esse novo Brasil e identificar os limites do que é aceitável e do que não é, para convivência em sociedade

 

A crise da polarização extrema é um fenômeno mundial

 

Em comum, há o uso estratégico do ressentimento de parte da população com suas elites

 

É natural que pessoas de gênero, raça e renda diferentes exijam respostas distintas. É uma das vantagens da democracia sobre qualquer outro sistema político

 

Os partidos devem ter condições iguais de disputa eleitoral e o candidato que tiver mais votos leva

 

A discussão tem limitações na lei, não aceita agressões, injúrias e difamações

 

Devemos reservar o direito de não tolerar o intolerante, exigir que qualquer movimento que pregue a intolerância fique à margem da lei e qualquer incitação à intolerância e à perseguição seja considerada criminosa, da mesma forma que incitação a homicídio, sequestro de crianças ou tráfico de escravos

 

A sociedade precisa concordar sobre limites, aceitar regras civilizatórias que não podem ser ultrapassadas

 

Necessidade de investimentos públicos consistentes no SUS e transferência de renda não é de direita nem de esquerda

 

Algumas empresas usam selos ESG para ações de marketing sem tomar nenhuma atitude real sobre o tema

 

Empresas deverão conhecer profundamente sentimentos que movem ações de consumo

 

Numa final de campeonato, quem ganha festeja, quem perde chora, e, no próximo torneio, começa tudo de novo

 

Impor limites claros de até onde vai a opinião política e onde começa a intolerância

 

Não se pode, em nome da “liberdade de expressão sem limites”, naturalizar o ódio, o preconceito, a intimidação

 

Não existe liberdade para atentar contra a democracia, pedir a volta da tortura, a morte de inimigos políticos, intervenção militar

 

A renovação do capitalismo e da democracia deve ser animada por uma ideia simples, mas poderosa: a da CIDADANIA. Não podemos pensar apenas como consumidores, trabalhadores, empresários, aforradores ou investidores (especuladores). Temos de pensar como cidadãos. Esse é o laço que une as pessoas em uma sociedade livre e democrática. É pensando e agindo como cidadãos que uma comunidade política democrática sobrevive e prospera

 

O remédio para a doença da democracia é mais democracia, o que implica em instituições mais transparentes

 

Um Estado mais transparente naturalmente terá menos incentivo para desvios de conduta

 

O discurso populista radical foi resultado de um processo contínuo de criminalização da política

 

O Congresso transformou a execução das emendas parlamentares em uma cascata de desvio e desperdício de dinheiro público

 

Nosso inferno é compreender o outro

 

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