26 de abr. de 2024

"A escravidão é sempre um erro"

 "A escravidão é sempre um erro"


"Não tenho, portanto, medo de que o presente volume não encontre o acolhimento que eu espero por parte de um número bastante considerável de compatriotas meus, a saber: os que sentem a dor do escravo como se fora a própria, e ainda mais, como parte de uma dor maior – a do Brasil, ultrajado e humilhado; os que têm a altivez de pensar – e a coragem de aceitar as consequências desse pensamento – que a pátria, como mãe, quando não existe para os mais dignos; aqueles para quem a escravidão, degradação sistemática da natureza humana por interesses mercenários e egoístas, se não é infamante para o homem educado e feliz que a inflige, não pode sê-lo para o ente desfigurado e oprimido que a sofre; por fim, os que conhecem as influências sobre o nosso país daquela instituição no passado e, no presente, o seu custo ruinoso, e preveem os efeitos da sua continuação indefinida."


Joaquim Nabuco

(O abolicionismo, 1883)



CARGA TRIBUTÁRIA

Segundo a Receita Federal, a carga tributária média dos países da OCDE, em 2020, estava em de 33,5% do PIB, enquanto a brasileira era de 30,9% do PIB.


25 de abr. de 2024

TOLERÂNCIA

TOLERÂNCIA

 

“Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.”

(Evelyn Beatrice Hall, e atribuída a Voltaire)

 

“Devemos, então, reservar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante, exigir que qualquer movimento que pregue a intolerância fique à margem da lei e qualquer incitação à intolerância e à perseguição seja considerada criminosa, da mesma forma que incitação ao homicídio, sequestro de crianças ou tráfico de escravos.”

(Evelyn Beatrice Hall) 

 

“A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles.”

(Karl Popper)

22 de abr. de 2024

Negócios de Impacto Social - NIS

 

FINANCIAMENTO DE NEGÓCIOS COM IMPACTO SOCIAL NO BRASIL

Edivan Batista Junior

Digitalpub 2024

 

A referência internacional mais relevante sobre a ideia inicial de Negócios de Impacto Social (NIS) consiste nos empréstimos de US$ 0,62 a cada uma das 42 artesãs que fabricavam tamboretes, concedidos em 1976, em Bangladesh, pelo professor de economia Muhammad Yunus, para compra de bambu, libertando-as de agiotas que exploravam essas mulheres em situação de vulnerabilidade

 

Pobres são plenamente equipados com habilidades e inteligência para se libertarem da pobreza, desde que tenham oportunidade.

 

A pobreza não é criada pelas pessoas pobres

 

O Brasil, em 2018, contabilizou 1.002 NIS cadastrados nas 6 áreas impactadas: tecnologias verdes, cidadania, educação, saúde, serviços financeiros e cidades

 

Os NIS têm como propósito e intenção a redução da pobreza e a solução de problemas sociais.

 

São modelos de negócios que buscam retornos financeiros e ao mesmo tempo benefícios sociais e ou ambientais em que a intencionalidade é vista como diferencial importante

 

ARTEMISIA, criada em 2005, conceitua NIS como ‘empresas que oferecem de forma intencional, soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda”

 

Características:

  1. Foco na baixa renda
  2. Intencionalidade
  3. Potencial de escala
  4. Rentabilidade
  5. Impacto social direto
  6. Distribuição ou não de dividendos (não é critério que define NIS)

 

O relatório global Impact Investing Network apresentou mais de 1.340 organizações gerindo aproximadamente US$ 502 bilhões

 

A indicação foi de que o dinheiro para financiar NIS é oriundo de empréstimos

 

Para que se eleve o volume de financiamento de NIS é necessário reduzir os custos envolvidos para financiar:

  • Formalização dos negócios para reduzir risco e custo
  • Aumentar a participação dos demais atores do ecossistema
  • Aumentar nível de informação do empreendedor
  • Formatar linhas específica para NIS
  • Reduzir custo das operações
  • Flexibilização das linhas
  • Simplificação das linhas
  • Capacitação de atores do ecossistema

 

Ao avaliar os financiamentos para NIS no Brasil, identificam-se oportunidades de novas pesquisas que agreguem conhecimento à área e sugere-se a realização de outros estudos

 

Este livro também buscou apresentar a relevância do tema de financiamento para NIS no Brasil e contribuir para a multiplicação e o envolvimento de todos os atores que atuam neste campo, bem como reforçar a bandeira dos NIS no país

 

Referência:

YUNUS, M. Criando um negócio social. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010

21 de abr. de 2024

O LEGISLADOR CHANTAGISTA

artigo da jornalista Juliana Diniz, publicado no Jornal O POVO, em 19-04-2024:



A tarefa de legislar é uma das mais desafiadoras da República e envolve uma grande responsabilidade democrática. É um trabalho que exige capacidade de compreender os anseios dos diferentes grupos sociais representados no parlamento; exige também disposição para a construção de consensos assim como uma permanente abertura ao influxo transformador do tempo. A lei, assim como todas as manifestações de uma cultura, não é estática, nosso senso do que pode ser tolerado amadurece com a mudança dos comportamentos e sensibilidades.

No modelo político que temos construído desde o fim das monarquias absolutistas, o Poder Legislativo ocupa uma posição especial, porque é considerado o braço estatal mais próximo do soberano, o povo. Os revolucionários que cortaram a cabeça dos reis tinham desconfianças dos juízes, a quem quiseram restringir, e buscaram prever rigorosamente os possíveis abusos dos titulares do poder executivo, neutralizando-os com controles externos. Governantes e julgadores só podem fazer o que a lei os permite, considerada a lei a voz legítima do verdadeiro titular da autoridade.

Essa digressão serve para lembrar o leitor de que não se deve legislar como quem joga cartas, apostando no tudo ou nada. Leis ruins impactam a vida das pessoas, desnaturam instituições, tornam o Direito débil, porque difícil de ser observado. Toda a estrutura sofre, corrompida a partir de seu alicerce. Um Legislativo irresponsável é causa e consequência de uma democracia frágil, e essa dificuldade deve inspirar em nós muita cautela e disposição de cobrança em face de parlamentares chantagistas.

A chantagem está às vistas de todos, e eu não saberia precisar se o chantageado é o Judiciário, o Executivo ou cada um de nós, os eleitores. Nossos senadores e deputados, em sua maioria, estão em pé de guerra com o Supremo Tribunal Federal, que consideram exorbitante em seu papel de guardião das leis. Indispostos com o dever de cumprir decisões judiciais por vezes necessárias e bem fundamentadas e incomodados por juízes não raro voluntaristas, decidiram elaborar leis com o objetivo de "mandar mensagens ao Supremo".

As leis são escolhidas a dedo para esse fim: aquelas que impactem a opinião pública, gerem pautas atrativas à mídia, atiçando o punitivismo que dorme no coração de muitos brasileiros. Cito o exemplo da PEC, aprovada nos últimos dias no Senado Federal, que busca criminalizar o porte para consumo de toda e qualquer quantidade de substância ilícita. Uma medida que faz pouco sentido em termos de política de combate ao tráfico e de política carcerária e que servirá para alimentar os presídios de corpos úteis à estrutura do crime organizado. Corpos bem marcados socialmente em termos de classe e raça, diga-se.

A mudança, se aprovada, será um pesadelo para o Poder Judiciário e para a polícia, e canalizará uma energia que poderia ser útil para resolver o problema do narcotráfico que nos assola. Ela nos levará a nos perguntar: afinal, que condutas são graves o suficiente para levar alguém ao cárcere? O que alimenta a saúde do tráfico, afinal, é o uso recreativo de algumas substâncias ou a persistência da sua proibição?

https://mais.opovo.com.br/colunistas/juliana-diniz/2024/04/19/o-legislador-chantagista.html

6 de abr. de 2024

USO INDEVIDO DE CELULARES

Além de o mundo voltar a temer guerra nuclear, outro enorme perigo é o uso demasiado, indevido e inútil do aparelho celular, tendo em vista:

a)    Riscos de vida (atravessar a rua ou caminhar usando o equipamento);

b)    Fraudes e golpes;

c)     Adoecimento tech neck” (pescoço tecnológico);

d)    Problemas ortopédicos por má postura;

e)    Pressão demasiada à coluna cervical, ao inclinar o pescoço para mexer em celular;

f)      Dores nos ombros, nas mãos e nos punhos;

g)    Perturbação do sono;

h)    Alteração comportamental (sensação das pessoas estarem sempre disponíveis);

i)       Importunação pelo deseducado e desrespeitoso uso de áudio em “viva voz” e ou “2x”;

j)       Passar o tempo inteiro com olhos pregados no celular, sem dar atenção a ninguém, nem se concentrar em algo útil, instrutivo, relaxante, agradável, saudável;

k)     Baixa produtividade em atividades produtivas;

l)       Isolamento e distanciamento entre pessoas;

m)   Desperdício de tempo;

n)    Famílias que perderam filhos por suicídio e overdose processam redes sociais;

o)    Emburrecimento de grande parte da população;

p)    Propagação de “verdades” absolutas que ignoram as ciências;

q)     Picaretas (patrocinados!) dizem e fazem enormes besteiras;

r)      Absurda quantidade de imbecis seguidores de “influencer” embusteiros.

 

Também é preocupante e temerário o futuro de crianças assistindo canais que:

a)     estimulam consumismo, violência, desrespeito e desobediência aos pais, bem como sensualidade precoce, exposição indevida e agressiva;

b)     focam na venda de "produtos" totalmente inadequados, inúteis e desnecessários;

c)     deformam o caráter;

d)     não têm conteúdo útil, instrutivo, recreativo, divertido, cultural;

e)     ensinam a roubar, mentir e "trolar";

f)       destroem o que escolas tentam construir durante anos;

g)     jogam no lixo o árduo investimento financeiro sacrificado dos pais;

h)     são produzidos, dirigidos e atuados por ignorantes, irresponsáveis, analfabetos, sem escrúpulos, fúteis, prejudiciais à sociedade.

 

É importante desligar o celular duas horas antes de dormir, não levar o aparelho para a cama e usá-lo da mesma forma que utilizamos vaso sanitário (2 ou 3 vezes ao dia: se e quando necessário), pois “a vida real deve ser prioridade, a conectividade não deve nos aprisionar e temos o direito de desconectar”.

4 de abr. de 2024

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

 Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões

https://ensina.rtp.pt/artigo/mudam-se-os-tempos-mudam-se-as-vontades-de-luis-de-camoes/